Mas onde o pecado abundou,
superabundou a graça;
Romanos 5.20
Há alguns dias me deparo com uma palavra muito
forte: Kadoshi. Para quem não sabe essa palavra tem origem no hebraico e
significa santo ou algo separado para uso exclusivo de Deus.
No dia 21 de Outubro de 2012 fui “separado”, na
cidade de Ituitaba em Minas Gerais fui consagrado e recebi a unção para o
ministério pastoral. Não tenho palavras para descrever o que senti naquele
momento, só sei que fui arrebatado de mim e chorei como uma criança. Como
escrevi no meu facebook: foi o dia mais importante da minha
vida. Assim como Maria, a mãe de Jesus, reafirmei o meu sim a Deus, muito feliz
por ele ter me escolhido. Fui consagrado e ungido ao ministério pastoral. Que
Deus me
mantenha firme ao meu chamado, para que eu possa cada vez mais ser digno e
exercer com zelo a minha vocação. O pastor nada mais é que o menor dos
empregados, pois sua função é servir. Lembrei muito da minha mãe, o sonho dela
era que eu fosse padre, mas Deus me direcionou para uma outra obra de igual
importância, o zelo em servir e cuidar de vidas, direcionando-os ao reino de
Deus.
Nunca escrevi sobre isso, mas vou relatar algo tremendo prá vocês e fica
um exemplo que no momento certo as promessas de Deus se cumprirão na sua vida.
Entre os meses de Abril, Maio e Junho do ano 2000 me peguei numa
situação muito difícil, desde o final do ano anterior (1999) meu pai vinha
perdendo peso muito rápido e estava anêmico, não sabíamos o que era e ele
relutava muito em ir ao médico, mas após se submeter a uma bateria de exames
veio o diagnóstico: ele estava com um nódulo no intestino e todas as vezes que
ele ia ao banheiro para fazer suas necessidades de excreção biológica sangrava.
Ficamos apavorados quando nos disseram que ele teria de ser submetido a uma
cirurgia e que, devido a sua idade, 69 anos, era muito arriscada e seriam
poucas as suas chances de sobrevivência. Eu estava com 15, quase 16 anos,
estava estudando pois queria ser padre. Imagina o impacto desta notícia para
uma pessoa desta idade. Fiquei chocado, sofri, chorei, mas nunca me desesperei,
nem deixei de acreditar em Deus e no seu poder.
Não esqueço quando meu pai saiu de casa com lágrimas nos olhos me
dizendo: “Meu filho! Seu pai já vai e não sabe se volta. Mas se eu não voltar,
seja homem! Cuide bem da casa, de sua mãe e das nossas coisas”. Me lembrou de
uma maneira diferente as instruções do Rei Davi ao seu filho Salomão antes de
partir, está em 1 Reis 2.1-2: “E APROXIMARAM-SE os dias da morte de Davi; e deu
ele ordem a Salomão, seu filho, dizendo: Eu vou pelo caminho de toda a terra;
esforça-te, pois, e sê homem”. E ali o papai partiu rumo à Fortaleza com os
olhos marejados para fazer a operação e eu chorei muito não só com tamanha responsabilidade,
mas pelo fato de não mais tê-lo por perto e lá no fundo eu sentia medo, pela
possibilidade de perdê-lo.
Nunca esqueci essa ordem que o Senhor me deu: de ir e apascentar as
suas ovelhas. Quando eu acordo era praticamente o mesmo tempo que estava
vivendo naquela revelação. O relógio marcava pouco tempo depois. E naquela
mesma noite o hospital nos liga e quando eu atendo o telefonema sou informado
que o meu pai havia sido operado e sua cirurgia tinha sido um sucesso, ele
estava reagindo muito bem.
Depois de tudo isto façam os cálculos e vejam quantos anos passaram
para que a ordem e para que a promessa do Senhor fosse manifesta e cumprida em
minha. Sabe quanto tempo? 12 anos. Apesar de tantas coisas ruins que fiz,
apesar de durante muito tempo não estar em comunhão com ele, fui alcançado pelo
seu amor e por sua misericórdia.
Apesar de já ter escrito sobre isso novamente vem à tona aquele
assunto do quanto nos achamos pequenos. E louvo a Deus por isso em minha vida!
Quero continuar me achando pequeno, pois é isso que eu sou. Grande em mim só o
que o Senhor tem feito. Me vi com a minha esposa sentado no meio dos grandes;
homens sábios, com mais conhecimento de Bíblia que eu, com mais tempo de
ministério que eu, alguns evangélicos desde criança. Imaginem aí: Eu, vindo de
um estado onde as pessoas têm muito preconceito, o Ceará, de uma cidade
longínqua e pequena, Aracati, sendo o menor na minha família. Talvez tenha
sentido na pele o que Gideão sentiu quando o anjo do Senhor foi designar sobre
a sua missão. E justamente ali estava alguém que iria ser consagrado e ungido
ao ministério pastoral, sendo o mais novo em idade, em tempo de fé e talvez até
em experiências. Agora percebo por que Jeremias se colocou como apenas uma
criança ao receber o chamado para exercer a sua vocação.
Confesso que quando houve o desejo no meu coração e a confirmação de
Deus fiquei com medo. Mas louvo a Deus pela fé que tenho, uma fé que me permite
questionar, uma fé que algumas vezes me permite o medo, mas que em tudo é
compensado pela esperança que me traz, pelo amor que aumenta por Deus e por sua
obra nos serviço aos irmãos, uma fé que mesmo em meio às tempestades não se
abala.
Ah, amados! Como é bom ver se cumprir as promessas de Deus
na sua vida. Como é bom saber que apesar de algumas pessoas não terem acreditado
no nosso ministério ou nas obras que Deus tem para as nossas vidas que ele não
desistiu e acredita em mim.
Quero ser separado sim, não do mundo (pois ainda estou nele),
nem do meio das pessoas (Jesus nos chamou para sermos sal da terra e luz do
mundo). Quero ser separado do pecado, pois ele separa o homem de Deus, quero
ser separado de tudo aquilo que venha me prejudicar ou ao meu irmão. Quero ser
separado da hipocrisia, da falsa religiosidade, da arrogância, da prepotência, da
superficialidade da fé e principalmente de um mal que tem abatido o nosso povo:
a santarrice e o farisaísmo.
Quero tão somente hoje dizer a Deus: Eis-me aqui! Faça-se em
mim segundo a tua vontade! Quero tão somente a ele dizer: Dá-me um coração
igual ao teu, meu mestre! E que cada vez mais eu seja digno da vocação a que
fui chamado. Cumprindo IDE de Jesus para apascentar o mundo!
Em Cristo,
Rafael Pereira