1 de maio de 2013

MARCAS



Por: Pr. Rafael Pereira

Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.
(Gálatas 6.17)
            Tudo começou no namoro, evoluindo para o casamento, tudo começou com um olhar desconfiado, depois este olhar evoluiu para um olhar de reprovação e assim foi sucedendo até virem as conversas sérias, que evoluíram para discussõezinhas, depois bate-bocas, gritarias, uns beliscõezinhos, depois um empurrõezinhos, tapinhas “de leve” para “amendontrar” até se consumar em agressões físicas pesadas, hematomas, escoriações... Puxões de cabelos, socos, chutes, cotoveladas, joelhadas, quedas, até serem usados aliados a tudo isso objetos como paus, fios elétricos, facas, até alguém puxar um revólver e atirar no outro.
            Segundo dados da Fundação Perseu Abramo uma em cada cinco brasileiras declara espontaneamente já ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem. A cada 4 minutos uma mulher é espancada por um homem no Brasil. Apesar da violência nela praticada eu quero que atentem para um curioso detalhe: as marcas físicas não são nada comparadas às marcas psicológicas e as feridas espirituais abertas. As marcas físicas? Daqui há algumas semanas desaparecerão, mas o que foi visto sentido e vivido não será esquecido. E você sabe o que é pior em tudo isto? É que essas marcas não ficam tatuadas somente na vítima, mas envolve filhos, familiares, amigos e vizinhos que ficam marcados também.
            É de suma importância nós como igreja falarmos e termos um posicionamento sobre isso. A violência já está em nossa porta, gritante! Quantos casais dentro dos templos tentam disfarçar essa realidade e até mesmo acham que não precisam de ajuda, pois vai ficar tudo bem. Tudo parte de um bom senso e de uma contrapartida e é aí que entra o aconselhamento pastoral, os seminários, palestras e debates sobre casamento, para entendermos que todos somos um projeto de Deus ainda em renovação, em constantes mudanças. Até mesmo quem prega lá na frente passa por um probleminha aqui ou acolá no casamento, não somos super-homens nem tampouco mulheres-maravilhas, mas sim dois numa só carne que Deus criou e uniu. Deus uniu, mas temos as nossas imperfeições, acordamos assanhados pela manhã, com bafinho, a mulher quando tá nas três letrinha(TPM), Misericórdia! O homem quando está sobrecarregado com as suas responsabilidades e frustrações, queima Jeová! Perfeito mesmo só aquele que nos criou. Temos problemas sim, mas eles foram feitos para serem resolvidos e é uma forma do Senhor nos fortalecer. Problemas aparecem, não podemos é descontar nossa fúria em alguém, descarregar nossas angústias espancando o outro é inadmissível. Pergunto a você: Conhece alguém que já foi espancado? Já viu alguém ser espancado? Não é traumatizante? Imagina crianças vendo isso... São marcas de um dano permanente que mais tarde poderão influenciar até mesmo na personalidade do adulto...
            Me pego hoje parado, pensando e meditando/refletindo no que Paulo falou em Gálatas 6.17 sobre as marcas do Senhor Jesus Cristo que ele trazia no seu corpo. Nessa época, o apóstolo estava sendo perseguido por um grupo de opositores, denominados de judaizantes, os quais questionavam sua autoridade apostólica. Esses inimigos da cruz de Cristo seguiam o trajeto de Paulo, “despregando” sua mensagem evangélica.
            O alvo deles era inserir práticas judaicas no protocristianismo, dentre essas, a circuncisão, enquanto rito obrigatório para aqueles que quisessem seguir a Cristo. Ao longo dessa Epístola Paulo mostra a fraqueza dessa prática, em face da suficiência do sacrifício de Cristo na cruz. Ele mostra, com argumentos contundentes, que, ao se voltarem para os rudimentos antigos, os crentes da Galácia estariam retrocedendo na fé, ou pior, decaindo da graça.
            A palavra que Paulo usou nesta epístola aos Gálatas para "marcas" origina-se da palavra grega stigma, uma marca que fala sobre ser propriedade de alguém ou algo. Fazendo uma analogia simples do nosso dia-a-dia, você já percebeu que um certo rebanho carrega em si as inicias do seu dono? Aquilo dói bastante, mas é algo necessário para aquele rebanho ser separado e identificado e para que mesmo que alguém venha tentar usurpar algum elemento dele fica fácil de ser resgatado, pois possui a marca do senhor a que pertence.  
            Acredito que as marcas que alguém tem que carregar em si são as marcas de Cristo, mas não aquelas marcas dos açoites ou dos cravos, porque ela já as venceu lá no calvário quando foi ao Gólgota, mas as marcas de uma vida nova que foi lavada no sangue carmesim. Algumas das marcas de Cristo que podemos falar são: a Fé, a Esperança e o Amor. São as marcas do Eterno que devem constar em nós.
            Me posiciono contra a separação, porque acredito que o casamento é sonho de Deus para o homem, Deus criou homem e mulher, macho e fêmea para se completarem, para serem um do outro. Creio que o matrimônio é um bem indissolúvel, não só porque o que Deus ligar no céu não separe o homem na terra, mas porque acredito num Deus que restaura, que restitui, que transforma. Acredito num Deus do impossível, no Deus de milagres. Mas o casal separou faltou o quê? Amor, compreensão, cumplicidade, paciência, perseverança, esperança... Mas o casal separou,  e agora fazer o quê? Nosso papel enquanto igreja não é excluir ou humilhar ninguém. Já pensou se naquela história lá em João 8 Jesus tivesse ido na “onda” da maioria? Antes nos ensinou que as leis não deveriam ser abolidas, mas sim ensinou-nos a reinterpretá-las de uma maneira diferente onde o amor é a base de tudo e que a vida humana está acima de qualquer coisa... Jesus tinha tanta noção que o ser humano é coroa da criação de Deus, que Deus nos criou como cabeça e não como cauda que em seus ensinos sempre exortou com amor e interviu em favor do ser humano.
            Ore ao Senhor para que o seu casamento, o seu namoro ou noivado venha ser restaurado. Mulheres sejam sábias, edifiquem a sua casa! Maridos sejam benevolentes com as suas esposas. Sujeitai-vos uns aos outros no amor de Cristo. E tenham sempre em mente que aquilo que você plantar ceifará. Como aprendi com um grande sacerdote/poeta de Deus que toda a vez que você for levantar a sua mão para agredir ao outro lembre-se que aquela pessoa assim como você foi feita à imagem e semelhança de Deus. Todo ser humano é um solo sagrado que Deus arou e preparou com muito amor e esmero para ser semeado. Cuidado com o que você vai plantar no outro, cuidado com o que você tem deixado plantar em você. Novamente convido você a lembrar-se que o outro é solo sagrado e que ao pelo menos tentar passar por esta terra você deve tirar as suas sandálias, pois este é um lugar santo.

Em Cristo,
Pr. Rafael Pereira

Nenhum comentário:

Postar um comentário