Por: Pr. Rafael Pereira
Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu
corpo as marcas do Senhor Jesus.
(Gálatas
6.17)
Tudo começou no namoro, evoluindo para o casamento, tudo
começou com um olhar desconfiado, depois este olhar evoluiu para um olhar de
reprovação e assim foi sucedendo até virem as conversas sérias, que evoluíram
para discussõezinhas, depois bate-bocas, gritarias, uns beliscõezinhos, depois
um empurrõezinhos, tapinhas “de leve” para “amendontrar” até se consumar em
agressões físicas pesadas, hematomas, escoriações... Puxões de cabelos, socos,
chutes, cotoveladas, joelhadas, quedas, até serem usados aliados a tudo isso
objetos como paus, fios elétricos, facas, até alguém puxar um revólver e atirar
no outro.
Segundo
dados da Fundação Perseu Abramo uma em cada cinco brasileiras declara
espontaneamente já ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem. A
cada 4 minutos uma mulher é espancada por um homem no Brasil. Apesar da
violência nela praticada eu quero que atentem para um curioso detalhe: as
marcas físicas não são nada comparadas às marcas psicológicas e as feridas
espirituais abertas. As marcas físicas? Daqui há algumas semanas desaparecerão,
mas o que foi visto sentido e vivido não será esquecido. E você sabe o que é pior
em tudo isto? É que essas marcas não ficam tatuadas somente na vítima, mas
envolve filhos, familiares, amigos e vizinhos que ficam marcados também.
É de suma importância nós como igreja falarmos e termos
um posicionamento sobre isso. A violência já está em nossa porta, gritante!
Quantos casais dentro dos templos tentam disfarçar essa realidade e até mesmo
acham que não precisam de ajuda, pois vai ficar tudo bem. Tudo parte de um bom
senso e de uma contrapartida e é aí que entra o aconselhamento pastoral, os
seminários, palestras e debates sobre casamento, para entendermos que todos
somos um projeto de Deus ainda em renovação, em constantes mudanças. Até mesmo
quem prega lá na frente passa por um probleminha aqui ou acolá no casamento,
não somos super-homens nem tampouco mulheres-maravilhas, mas sim dois numa só
carne que Deus criou e uniu. Deus uniu, mas temos as nossas imperfeições,
acordamos assanhados pela manhã, com bafinho, a mulher quando tá nas três
letrinha(TPM), Misericórdia! O homem quando está sobrecarregado com as suas
responsabilidades e frustrações, queima Jeová! Perfeito mesmo só aquele que nos
criou. Temos problemas sim, mas eles foram feitos para serem resolvidos e é uma
forma do Senhor nos fortalecer. Problemas aparecem, não podemos é descontar
nossa fúria em alguém, descarregar nossas angústias espancando o outro é
inadmissível. Pergunto a você: Conhece alguém que já foi espancado? Já viu
alguém ser espancado? Não é traumatizante? Imagina crianças vendo isso... São
marcas de um dano permanente que mais tarde poderão influenciar até mesmo na
personalidade do adulto...
Me pego hoje parado, pensando e
meditando/refletindo no que Paulo falou em Gálatas 6.17 sobre as marcas do
Senhor Jesus Cristo que ele trazia no seu corpo. Nessa época, o apóstolo estava sendo perseguido por
um grupo de opositores, denominados de judaizantes, os quais questionavam sua
autoridade apostólica. Esses inimigos da cruz de Cristo seguiam o trajeto de
Paulo, “despregando” sua mensagem evangélica.
O
alvo deles era inserir práticas judaicas no protocristianismo, dentre essas, a
circuncisão, enquanto rito obrigatório para aqueles que quisessem seguir a
Cristo. Ao longo dessa Epístola Paulo mostra a fraqueza dessa prática, em face
da suficiência do sacrifício de Cristo na cruz. Ele mostra, com argumentos
contundentes, que, ao se voltarem para os rudimentos antigos, os crentes da
Galácia estariam retrocedendo na fé, ou pior, decaindo da graça.
A palavra que Paulo usou nesta
epístola aos Gálatas para "marcas" origina-se da palavra grega
stigma, uma marca que fala sobre ser propriedade de alguém ou algo. Fazendo uma
analogia simples do nosso dia-a-dia, você já percebeu que um certo rebanho
carrega em si as inicias do seu dono? Aquilo dói bastante, mas é algo
necessário para aquele rebanho ser separado e identificado e para que mesmo que
alguém venha tentar usurpar algum elemento dele fica fácil de ser resgatado,
pois possui a marca do senhor a que pertence.
Acredito que as marcas que alguém tem que carregar em si
são as marcas de Cristo, mas não aquelas marcas dos açoites ou dos cravos,
porque ela já as venceu lá no calvário quando foi ao Gólgota, mas as marcas de
uma vida nova que foi lavada no sangue carmesim. Algumas das marcas de Cristo
que podemos falar são: a Fé, a Esperança e o Amor. São as marcas do Eterno que
devem constar em nós.
Me posiciono contra a separação, porque acredito que o
casamento é sonho de Deus para o homem, Deus criou homem e mulher, macho e
fêmea para se completarem, para serem um do outro. Creio que o matrimônio é um
bem indissolúvel, não só porque o que Deus ligar no céu não separe o homem na
terra, mas porque acredito num Deus que restaura, que restitui, que transforma.
Acredito num Deus do impossível, no Deus de milagres. Mas o casal separou
faltou o quê? Amor, compreensão, cumplicidade, paciência, perseverança,
esperança... Mas o casal separou, e
agora fazer o quê? Nosso papel enquanto igreja não é excluir ou humilhar
ninguém. Já pensou se naquela história lá em João 8 Jesus tivesse ido na “onda”
da maioria? Antes nos ensinou que as leis não deveriam ser abolidas, mas sim ensinou-nos
a reinterpretá-las de uma maneira diferente onde o amor é a base de tudo e que
a vida humana está acima de qualquer coisa... Jesus tinha tanta noção que o ser
humano é coroa da criação de Deus, que Deus nos criou como cabeça e não como
cauda que em seus ensinos sempre exortou com amor e interviu em favor do ser
humano.
Ore ao Senhor para que o seu casamento, o seu namoro ou
noivado venha ser restaurado. Mulheres sejam sábias, edifiquem a sua casa!
Maridos sejam benevolentes com as suas esposas. Sujeitai-vos uns aos outros no
amor de Cristo. E tenham sempre em mente que aquilo que você plantar ceifará.
Como aprendi com um grande sacerdote/poeta de Deus que toda a vez que você for
levantar a sua mão para agredir ao outro lembre-se que aquela pessoa assim como
você foi feita à imagem e semelhança de Deus. Todo ser humano é um solo sagrado
que Deus arou e preparou com muito amor e esmero para ser semeado. Cuidado com
o que você vai plantar no outro, cuidado com o que você tem deixado plantar em
você. Novamente convido você a lembrar-se que o outro é solo sagrado e que ao
pelo menos tentar passar por esta terra você deve tirar as suas sandálias, pois
este é um lugar santo.
Em Cristo,
Pr. Rafael Pereira
Em Cristo,
Pr. Rafael Pereira
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